Aceitemos realmente a dor na condição de apoio celeste com que a Divina Providência nos enriquece o caminho. Toda a natureza para ajudar a experiência do homem, alimentando-o e amparando-o, padece constantes dilacerações. Para transformar-se em sementeira proveitosa, morre o grão esquecido no solo. Para converter-se a espiga em farinha, humilha-se, asfixiada, sob a mó que a tritura. Para dar-se em pão abençoado à mesa, submete-se a farinha à elevada tensão do forno. Para servir no levantamento do edifício, sofre a pedra a pressão do martelo. Para oferecer-se em beleza e brilho, obedece o seixo bruto ao buril que o aprimora. Para responder às necessidades do conforto, desce o tronco aos insultos da lâmina. Para contribuir no progresso, encontra o metal as injúrias do fogo. A responsabilidade na oficina do caráter é luz que engrandece todo espírito que lhe atende as obrigações. Não lamentes a dificuldade e nem amaldiçoes o sofrimento que porventura te busquem. Não temas a dor, na escola da vida, e recolhe, em silêncio, as bênçãos de que se faz emissária. Não te enganes com as aparências. Quando te vejas no usufruto dessa ou daquela provação, atento às circunstâncias do mundo, às imposições dos que te cercam ou às convenções em que a existência se te condiciona, escolhe a senda da abnegação, em auxílio aos outros, porque o Senhor nos ensinou, em espírito e verdade, que somente a preço do esforço máximo pela vitória do bem com o esquecimento de todo egoísmo, é que escalaremos o monte da paz com a nossa própria renovação. |