Se o desânimo procura Mergulhar-te na amargura, Não olvides, meu irmão, Que a vida por toda parte É nova luz a buscar-te Em doce renovação.
Na magoa que te domina, Repara a Benção divina A brilhar, aqui e além... Tudo é esperança e beleza No trono da Natureza Na glória do Eterno Bem...
Da noite estranha e sombria, Assoma, envolvente, o dia E a treva faz-se esplendor. Do inverno que dilacera, Vem o Sol da primavera E o espinho revela a flor.
Da serra empedrada e feia, Desce o regato que ondeia Em generosa canção. Do charco de baixo nível, Desditoso e desprezível, Ressurge o calor do pão.
Coragem! - recorda o ninho, Suportando de mansinho, Toda a fúria do escarcéu; E do além, tranquila ao vê-la, Coragem! - repete a estrela, Sorrindo no azul do céu.
Assim também, cada hora, Trabalha, porfia e chora Guardando a fé clara e sã!... Padece mas busca a frente, Lembrando constantemente Que o dia volta amanhã. |