“...Com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” – Jesus. 

 (Mateus, 7:2.)

 

O texto em estudo é um convite à cooperação, à solidariedade, à fraternidade, à prática do “bem efetivo e constante”1, atendendo à Lei Divina de amarmos o nosso próximo como a nós mesmos, fazendo a ele tudo quanto desejaríamos que nos fosse feito.

             

Ensinamentos propostos por Jesus há tanto tempo, hoje ainda são insistentemente repetidos pelos amigos espirituais justamente porque ainda segundo Joanna de Ângelis3 padecemos de uma enfermidade mais dominadora – a Ignorância – ignorância de nós mesmos, de nossa destinação e do significado da existência. Ainda vivemos de forma mecânica e irrefletida mergulhados em sombras e voltados aos interesses imediatos, sem perceber o prazer do crescimento interior, onde o outro é parte importante das ações de elevação e crescimento.

             

Ainda buscamos solucionar os nossos problemas existenciais através de indicações milagrosas, de fantasias, de caminhos que nos poupam do esforço pessoal, estimulando a inércia e fixando-nos em estados improdutivos de fugas aos trabalhos enobrecedores da existência. Cerceados pelas próprias limitações fugimos das responsabilidades e dos compromissos que exigem esforços, mudanças, renovação.

             

A orientação evangélica é clara: “Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e todas as coisas vos serão dadas de acréscimo” (Mateus 6:33.).

             

Isto significa dizer que a finalidade primeira da vida física não é “viver bem” no sentido de aumentar recursos, fruir comodidades, gozar sensações, privilégios e regalias, que não harmonizam o ser consigo. Naturalmente que tudo isso tem razão de ser, é importante, consta de nossas realizações sociais, econômicas, culturais, etc., mas, como Espíritos imortais, em trânsito na Terra, estas não podem se constituir como metas exclusivas e finais de nossas buscas e lutas. 

            

 A vida melhor que todos desejamos começa por dentro, no interior, pois os nossos maiores inimigos, a causa de nossos males e misérias estão dentro de nós; identificá-los, aceitar que temos esse lado difícil, desenvolver ações que nos levem a melhorar-nos, eis a nossa tarefa. A ignorância de nossa vida interior conduz à incompreensão de nossos sentimentos para conosco e para com os outros, leva-nos a fazer projeções levianas e triviais de nossas deficiências neles, a lançarmos a todo instante na vida de relacionamento, pensamentos e emoções inaceitáveis. Surgem em função disso as cobranças, as indelicadezas, a petulância, a insensibilidade, o automatismo, o desinteresse, a impaciência, o desrespeito, etc.

             

O trabalho pessoal de renovação intelecto-moral faz com que a pouco e pouco se modifique para melhor o nosso mundo interior que se exteriorizará no respeito a nós mesmos, aos nossos semelhantes, no amor que nos leva à fraternidade, à solidariedade, à cooperação, a agir retamente em relação ao outro e não apenas a nós mesmos.

             

A nossa tarefa é nos prepararmos para auxiliar sempre, entendendo que: 

             “Um cristão sem atividade no bem é um doente de mau aspecto, pesando na economia da coletividade.

             No Evangelho, a posição neutra significa menos esforço.

             Diante do semelhante que se acerca do teu coração lembra-te sempre que estais situado na Terra para aprender e auxiliar.”2.

             

“A frente, pois, daqueles que se te afiguram desnorteados estende o coração e as mãos para auxiliar”1 porque, na Terra, todos estamos em processo de evolução, precisando de amparo e compreensão alheios e segundo o preceito evangélico, com a medida com que tivermos medido também nos hão de medir.

2. Xavier, Francisco Cândido. “Fonte Viva”. Ditado pelo Espírito Emmanuel. FEB. 28ª ed. Rio de Janeiro, RJ. 2002. 

3. Franco, Divaldo Pereira. “Vida: Desafios e Soluções. Aspectos da Vida”. Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Livraria Espírita Alvorada. 2ª ed. Salvador. BA. 1997.