Ao retomar o encadeamento lógico dos raciocínios, “O Livro dos Espíritos” apresenta a questão 62, na qual Allan Kardec pergunta:

                          - “Qual a causa da animalização da matéria?

                                       - Sua união com o “princípio vital”.

             Desenvolveremos em bloco as questões seguintes até a 67a.

Para aprofundamento ao estudo encontraremos bibliografia em “A Gênese” – cap. X e XI: “Deus na natureza” – Camille Flammarion II; “Revista Espírita” ano 1866 pag. 67-71 a 77; 1861 – pag. 45 e 1868 pag. 166 – 1859 pag. 80; “Evolução em Dois Mundos” cap 1; “Mecanismos da Mediunidade” cap III, ambos de André Luiz e “O Livro dos Médiuns” itens 75-77 e 98.

Num primeiro momento, temos que nos deter nas expressões: - princípio vital e fluido vital normalmente usadas como sinônimos.

            

 Allan Kardec, querendo saber se o princípio era propriedade de um agente especial ou matéria organizada, recebe dos Espíritos a resposta (63) “(...) é uma e outra coisa”, concluindo que a vida é um efeito produzido pela ação de um agente sobre a matéria. Esse agente sem a matéria não é vida, da mesma forma que a matéria não pode viver sem ele que dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

             

Na introdução do livro “Gênese e Evolução Inicial da Vida na Terra”, Oparin escreve que: “(...) O materialismo dialético considera a vida como uma forma especial de movimento da matéria, qualitativamente diferenciada dos objetivos do mundo inorgânico; esta forma de movimento é inerente apenas aos seres vivos e esse movimento não é qualquer coisa de exterior à matéria, mas necessariamente ligado à essência da própria matéria”.

             

Em suas palavras, o cientista deixa claro a distinção entre o mundo inorgânico e o mundo orgânico, bem como faz a afirmação de que o movimento adquirido pela matéria não decorre de qualquer ação exterior, mas está ligado à essência da própria matéria.

             

Esses dois conceitos de vida orgânica são idênticos: surgirão espontaneamente sob determinadas condições, pré-requisitos, e podem se extinguir sob outras novas condições. Neste campo, tanto os Espíritos como o cientista falam da vida na matéria.

             

A grande diferença aqui é que os cientistas não consideram um princípio de vida inextinguível do Princípio Inteligente (alma).

             

Outra diferença é o entender na forma como a matéria inorgânica se animaliza.

             

Para a Ciência a matéria não viva (inorgânica) tornou-se viva face à combinação de diferentes elementos químicos, sob determinadas condições de pressão, temperatura, radiações solares etc., como as que ocorreram no início da formação da Terra.

             

Para a Doutrina Espírita a vida decorre da ação do Princípio Vital sobre a matéria. A resposta dos Espíritos leva a pensar que o Princípio Vital não é um elemento químico, mas uma fórmula química que ao mesmo tempo é causa e efeito, isto é, elementos químicos se combinam para dar formação à matéria orgânica “(...) a vida não é mais que uma forma particular da existência da matéria, forma de existência cuja origem e distribuição obedecem a leis determinadas” (Oparin – “A Origem da Vida – cap I).