58 - Os mundos mais distantes do Sol são privados de luz e calor, de vez que o Sol lhes aparece apenas como uma estrela?

-Acreditais que não há outras fontes de luz e calor, além do Sol? Não tendes em conta a eletricidade, que em certos mundos, desempenha um papel desconhecido para vós e bem mais importante que o que lhe cabe na Terra? Aliás, não dissemos que todos os seres vivam da mesma maneira que vós, com orgãos semelhantes aos vossos.

             

As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que têm que viver. Se nunca tivéssemos visto peixes, não compreenderíamos como alguns seres pudessem viver na água. O mesmo acontece com outros mundos, que sem dúvida contém elementos para nós desconhecidos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que haverá de impossível para a eletricidade ser mais abundante que na Terra, desempenhando um papel geral cujos efeitos podemos compreender? Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor necessárias aos seus habitantes.

             

Se um desses seres desconhecidos que habitam o fundo dos oceanos, recebesse de repente a inteligência e com ela estudasse o seu mundo e pudesse fazer um raciocínio extensivo à universalidade das coisas, que ideia faria do meio em que está habituado a viver e como imaginaria o meio terrestre acima dele?

             

Poderíamos continuar nessa linha em relação à criação universal. Somos habituados a identificar, aceitar o que conhecemos e daquilo que escapa à percepção de nossos cinco sentidos, compreendemos ou somos abertos a compreender muito pouco.

             

Possível, portanto, é que em outras dimensões vibratórias, outros mundos, o fluido cósmico possua propriedades, seja suscetível de combinações, das quais não temos condição nem de fazer ideia; que produza efeitos apropriados a necessidades que desconhecemos, dando lugar a percepções novas ou a outras formas ou modos de percepção. É-nos difícil e até mesmo impossível, compreender, por exemplo, que se possa ver sem os olhos do corpo e sem a luz. Quem, porém, pode afirmar que não existam outros agentes, afora a luz, aos quais para percebê-los, são adequados ou há organismos especiais?

             

Para a vista sonambúlica, distância, obstáculos materiais ou obscuridade, não oferecem empecilho.

             

Suponhamos que num determinado mundo os seres normalmente disponham dessas condições, que aqui só excepcionalmente acontece. Sem precisarem da luz como a conhecemos e nem dos nossos olhos, verão o que não podemos ver.

             

Podemos levar esses raciocínios para todas as outras sensações.

             

As condições de vitalidade, perceptibilidade, as sensações e necessidades variam conforme os meios.

             

Recorde-se, conforme já estudado no início desse capítulo III, que há um fluido etéreo, o fluido cósmico universal, matéria primitiva geradora do mundo e dos seres, matéria esta que enche o espaço e penetra os corpos. São-lhe inerentes forças que presidem as transformações da matéria, leis imutáveis e necessárias que regem o mundo.

             

Essas inúmeras forças, indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, diversificadas em seu modo de ação segundo as circunstâncias e os meios, são conhecidas na Terra com o nome de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios são aqui conhecidos, sob o nome de som, luz, calor etc. Em outros mundos, apresentam-se sob outros aspectos; revelam características desconhecidas por nós. 

             

Assim, como há só uma substância simples, primitiva, geradora de todos os corpos, diversificada em suas combinações, também essas forças dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e que, pelos desígnios eternos, imprimem harmonia e estabilidade ao Universo.