234-O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO- ALLAN KARDEC

CAPÍTULO XXVIII; COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS

ITEM II:  PRECES PESSOAIS

SUB-ITENS 18 E 19: PARA CORRIGIR UM DEFEITO

Ao renascer na Terra, o homem herda dos pais apenas o corpo físico, trazendo, suas qualificações espirituais, boas ou más, desenvolvidas em vidas passadas.

O homem, que se considera o ápice do processo evolutivo, está ainda muito distante da perfeição possível de ser desenvolvida.

No seu processo evolutivo, a humanidade terrena, em geral, está mais próxima da animalidade do que da angelitude, como disse Emmanuel, dando expansão a instintos primitivos, de agressividade, de defesa, de satisfação das suas necessidades materiais, principalmente, sem a preocupação com as necessidades dos outros e indiferente ao mal que provoca.

Esses instintos, ainda não sublimados pela razão e sentimentos nobres,   foram necessários ao desenvolvimento do princípio inteligente, nos reinos inferiores da criação, antes de tornar-se Espírito, quando inicia o desenvolvimento consciente, da razão, que lhe permite, então, perceber a necessidade do desenvolvimento das suas qualificações nobres que traz em potencial, em forma de sementes, de germens a serem desenvolvidos por ele próprio.

Nesse desenvolvimento, o homem, sentindo sua superioridade sobre os animais, e uns sobre outros, fez nascer dentro de si o orgulho e o egoísmo, que podem até lhe ter sido úteis para a sua sobrevivência em um mundo primitivo, com tudo por fazer.

Todavia, quando começa a perceber a necessidade da convivência, uns com os outros, e que esses outros, têm as mesmas necessidades, as mesmas aspirações, mas, ao mesmo tempo, são diferentes quanto às prioridades, quanto às estratégias, concorrentes, cada um buscando satisfazer suas necessidades, inicia o seu desenvolvimento moral.

Até hoje, apesar do avanço da inteligência humana, que lhe permite tudo resolver, criar, melhorar, seu desenvolvimento moral, que junto ao intelectual, lhe propicia as condições para viver a vida plena de amor e sabedoria, de perfeito colaborador do Pai, situa-se bastante atrás do desenvolvimento intelectual.

Assim, todos nós, Espíritos imperfeitos, em um processo evolutivo, trazemos, em nosso interior, sentimentos negativos, emoções desequilibradas e desequilibrantes.

Há os que a eles se entregam, causando males, sofrimentos a outros e a si próprios.

Há, porém, muitos que já se conscientizaram da necessidade do esforço da vivência da moral trazida por diversos Espíritos evoluídos, em diversos povos, em diferentes épocas, tendo Jesus sido o maior de todos.

Esses que, mais ou menos, se conscientizaram de que só o bem em favor de todos fará com que a Terra possa se tornar  um mundo melhor, e que isso só será possível com o esforço da melhoria de cada elemento dessa humanidade, têm por dever, esforçar-se por viver dentro da moral divina, transformando-se internamente, desenvolvendo as qualificações nobres que Deus colocou em cada um dos seus filhos.

Assim, esforçar-se por desenvolver os sentimentos bons, educar no equilíbrio as emoções, usando raciocínios lógicos e objetivos, aplicando, no viver cotidiano, os preceitos ensinados por Jesus, mais esclarecidos pelo Espiritismo, é dever de todo verdadeiro espírita, que, segundo Allan Kardec é reconhecido “pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”, nesse livro, cap. XVII, item 4.

Nossas más inclinações, nossos defeitos são frutos da nossa imperfeição, das escolhas que fizemos em vidas anteriores e/ou nessa atual, não estando, portanto, em nosso corpo físico, e sim em nossa essência espiritual. Por isso, as carregamos para onde formos, aqui e no plano espiritual.

Se herdássemos dos antepassados a nossa maneira de ser, nossas tendências e nossos hábitos, não seríamos responsáveis pelas ações más que praticássemos e nenhum mérito em relação às boas. Poder-se-ia considerar também injusto termos de corrigir, em nós, o que nos foi dado.

A lei da reencarnação deixa bem claro que somos herdeiros de nós mesmos, somos hoje como nos fizemos, e continuaremos nos completando, segundo nossa inteligência, nossa moral, que direcionam nosso livre-arbítrio.

A lei divina, física e moral de causa e efeito é sempre acionada por nós em tudo que sentimos, que pensamos e que fazemos.

Combater, pois, todo sentimento mau, que possa nos levar a ter pensamentos maus, combater pensamentos maus que possam nos levar a ações más, é obrigação de todos os que já perceberam que o homem só gozará de uma felicidade sem nada a perturbar, quando só fizer o bem, não prejudicando a ninguém, nem a si próprio.

Assim, saibamos todos usar nosso livre-arbítrio em boas escolhas, combatendo nossas tendências e inclinações para o mal, ocupando nossos pensamentos sempre em coisas boas, belas e úteis, a fim de reformarmos nosso interior.

Deus, no Seu Amor e na Sua Misericórdia, dando-nos a incumbência do desenvolvimento do nosso potencial , dando-nos o livre-arbítrio, a vontade, a inteligência, as suas leis naturais inscritas em nossa consciência, fazendo-nos seres sociais, dependendo uns dos outros, não quis que lutássemos a sós, deu-nos os Espíritos desencarnados mais evoluídos para nos inspirarem bons sentimentos e pensamentos, auxiliando-nos na caminhada.

Assim, procuremos sempre o auxílio espiritual também no combate aos nossos defeitos, através da prece.

Allan Kardec escreveu um modelo de prece para esse objetivo, na qual, o pedinte demonstra o reconhecimento por tudo que recebeu do Pai, considerando seu dever de corrigir o mal que conseguiu enxergar em si mesmo.

Pede o afastamento do orgulho, a fim de não ser impedido a ver os seus defeitos, o auxílio para vencer um hábito mau, criado por ele, e que está difícil de ser eliminado.

Demonstra a certeza de que todo mal é criação do Espírito imperfeito e não de Deus, portanto, está com ele por sua própria permissão.

Reconhece que assim como teve a liberdade de fazer o mal, tem também a liberdade de fazer o bem, e a de mudar de caminho. Precisa, todavia, de auxílio para substituir um hábito mau por um bom e saudável.

Reconhece a benção da existência atual para o seu adiantamento, e, querendo aproveitá-la bem, pede a ajuda dos Espíritos Guardiães e dos Protetores, no fortalecimento das suas energias para resistir ao mal, que está merecendo a sua atenção.

Não precisamos lutar sozinhos na tarefa de renovação, que hoje nos cabe realizar.

Peçamos, sempre a ajuda dos amigos, encarnados e desencarnados, para fortalecerem a nossa vontade de ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor de que hoje.

Leda de Almeida Rezende Ebner – Novembro/2020

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner, após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.