O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO III – RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL

QUESTÕES DE 149 a 165

I – A Alma Após a Morte – 149/153a.

II – Separação da Alma e do Corpo - 154/162.

III – Perturbação Espírita – 163/165.

I - A Alma após a Morte - Questões de 149 a 153

150 – A alma conserva sua individualidade após a morte?

     - Sim, não a perde jamais. O que seria ela se não a conservasse?

 150 a – Como a alma constata sua individualidade, se não tem mais o corpo material?

     - Tem um fluido que lhe é próprio, que tira da atmosfera do seu planeta e que representa a aparência da sua última encarnação.

  151 b - A alma nada leva deste mundo?

     - Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura para ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.

     O corpo é instrumento usado pelo Espírito; não mais apresentando condições para retê-lo, é então abandonado. Não tem nenhuma capacidade de comunicação: a matéria se desagrega, perde a forma, desfaz-se – volta à Natureza.

     A alma não; ela não se destrói, se desfaz, não perde a individualidade: abandona a veste carnal que lhe serviu e permanece no corpo sutil que lhe é próprio para sua continuação como ser imortal que é.

     A questão cento e cinquenta se refere àqueles que pensam na alma após o desencarne retornando ao todo universal como uma gota no oceano se misturando ali, perdendo característica, individualidade, não tendo mais inteligência, nada que as distinguisse umas das outras.

     No entanto, as comunicações apresentam-nas demonstrando consciência do seu existir, vontade própria, sendo cada contato diferente, como se encarnados fossem, com dramas, histórias de vida pessoal, inconfundíveis. Se a individualidade não fosse preservada, as comunicações seriam idênticas.

     Outro detalhe são os pormenores, apelidos, situações íntimas que poucos familiares conhecem e que atestam como reais.

     O mesmo ocorre quando são vistos através de aparições e pelas comunicações, fatos estes ocorridos em todos os tempos da Humanidade, sob as diferentes interpretações.

      Quando descobre que não morreu, no sentido de acabar, constata sua existência, percebendo-se com lembranças, desejos, medos, apreensões. Vê familiares, pessoas que o precederam, envolve-se em alegrias ou temores. Sente vontade de voltar ao convívio familiar, rever, ter, dar notícias, dizer que está vivo, enfim, toda uma realidade tão intensa como se não tivesse morrido.

      As Experiências de Quase Morte (EQM) demonstram essa manutenção de consciência e individualidade. Conforme pesquisas, 85% de pessoas que passaram por essa situação relatam pontos comuns da vivência de se ver fora do corpo, do contato com outros Espíritos, cada uma, porém, conservando as peculiaridades do seu modo de ser. 

     A vida no além, portanto, é um prolongamento natural, a continuidade do que cada um é, vive ou observa em si. Ver-se-á em meio a qualidades, defeitos, conhecimentos, ideias cultivadas em vida, uma vez que a morte não muda nada e nem ninguém. Leva-se as consequências das semeaduras feitas; segue pensando da mesma forma, atraído pelos mesmos desejos e em regiões com as quais se afine moralmente. Excessivamente apegados ao mundo material, acredita ainda fazer parte dele, situação que perdura até que haja descongestionamento psíquico.

     Conclusão:

     A morte é simples mudança de estado; a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e evolução. Além da morte, abre-se nova fase da existência na qual o Espírito debaixo de sua forma fluídica imponderável vive em seu estado mental os frutos da vida física que findou.

Leda Marques Bighetti – Fevereiro / 2020