O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO II – ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

QUESTÕES DE 132 A 148

I - Finalidade da Encarnação

II - Da alma

III - Materialismo

I – Finalidade da Encarnação – 132 a 133 a - 2

Após a morte do corpo, em tese, a integridade do Espírito é total: suas faculdades adquirem penetração maior. Isso pode se dar de forma rápida, tranquila, insensível ou lenta, laboriosa, penosa, segundo o estado moral, dependendo também disso o tempo maior ou menor.

Um fenômeno particular assinala a encarnação: desde que for apanhado pelo laço fluídico, entra o Espírito em estado de perturbação que se intensifica progressivamente, de modo que nos últimos momentos perde toda consciência de si, o que não lhe permite testemunhar o próprio nascimento.

No momento em que respira começa a recuperar as faculdades que se desenvolvem à medida que se consolidam os órgãos que devem servir para sua manifestação.

Ao mesmo tempo em que vai recuperando a consciência, perde a recordação do passado, sem perder a as faculdades, qualidades e aptidões adquiridas anteriormente, bagagem em estado latente e que vão ajudá-lo nesse retorno a fazer mais ou melhor do que anteriormente tenha feito.

Renasce a partir do momento em que deixou seu progresso anterior – isso é para ele um novo ponto de partida. Não tem recordação do passado, que muitas vezes poderia ser penoso, humilhante, acrescentando amarguras à nova existência. Traz aptidões, aquilo que aprendeu, podendo conservar, frente a determinados estímulos, vaga impressão de acontecimentos passados, porém, nada preciso, definido. É, pois, um homem novo, embora como Espírito seja antigo. Tem a liberdade de se apoiar em novos planos de ação auxiliado pelo que já adquiriu, ao que lhe é latente mais a experiência atual. Por efeito contrário, ao reentrar na vida espiritual, por ocasião da morte, a encarnação se desenrola diante dele, no momento próprio e ele julgará, avaliará como empregou o tempo de sua vida.

     Não há, então, solução de continuidade.

Para aprofundamento, encontraremos bibliografia em “A Gênese” – cap. X e XIV: “Deus na natureza” – Camille Flammarion II; “Revista Espírita” ano 1866 pag. 67-71 a 77; 1861 – pag. 45 e 1868 pag. 166 – 1859 pag. 80; “Evolução em Dois Mundos” cap 1; “Mecanismos da Mediunidade” cap III, ambos de André Luiz e “O Livro dos Médiuns” itens 75-77 e 98. Também no livro Educação Mediúnica – Teoria e Prática - vol 1 - Ribeirão Preto: BELE, 2005 de Leda Marques Bighetti. Para enriquecimento do tema remetemos ainda a: Gabriel Delanne – Evolução Anímica, Hermínio C. Miranda – A Memória e o Tempo, além dos citados ou transcritos no texto.

Leda Marques Bighetti – Dezembro / 2017