Contendo: a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às várias posições da vida.

Por Allan Kardec

Com esta epígrafe: “Não há fé inabalável senão a que pode encarar a razão face a face, em todas as idades da Humanidade”.

Ao iniciar o estudo de um livro, é interessante conhecer os motivos que levaram o autor a escrever este ou aquele assunto e, neste caso, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Allan Kardec havia publicado em 1857, “O Livro dos Espíritos” e do Livro II deste em 1861 elabora e publica “O Livro dos Médiuns”.

Após esses lançamentos, Allan Kardec trabalha em outra obra, porém ninguém conhecia o assunto, nem mesmo o Sr. Didier seu editor. A curiosidade era grande uma vez que na reunião de 9 de agosto de 1863 ele pergunta aos Espíritos:

- “Que pensais da nova obra em que trabalho neste momento”?

Responderam que o livro teria grande influência não só no mundo religioso, como na vida prática das nações; que havia feito muito bem em enfrentar questões de ordem moral prática.

Na reunião de 14 de setembro próxima, outra mensagem termina dizendo: “Com esta obra o edifício começa a libertar-se dos andaimes e já se lhe pode ver a cúpula a delinear-se no horizonte”

No ano seguinte o editor recebe os originais e a 15 de abril de 1864 é publicado conforme transcrição acima, a “Imitação do Evangelho” que a conselho de amigos, da segunda edição em diante recebe o nome de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Na R.E. 1865 Allan Kardec escreve: “Abstemo-nos de qualquer reflexão sobre esta obra; limitamo-nos a extrair da introdução a parte que indica seu objetivo.

“Podem dividir-se as matérias contidas nos Evangelhos em quatro partes: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as predições, o ensino moral. Se as primeiras foram objeto de controvérsias, a última ficou inatacável”.

Curiosidades: Posteriormente Allan Kardec modificará a divisão em cinco partes, acrescentando como quarta “...os trechos que serviram à Igreja para o estabelecimento de seus dogmas” e passando o “...ensino moral” para quinto. (p. 97, abril 1864).

Na mesma Revista, (p.231 e segts, julho 1864) vários assinantes escrevem testemunhando pesar por não haverem encontrado na “Imitação”, preces especiais para uso habitual, nas manhãs e noites.

O Codificador responde, explicando que as preces que ali constam não se constituem como formulário: são comunicações dadas pelos Espíritos; ele apenas as reunira no capítulo da prece. “ Evitando de propósito as da manhã e da noite, quisemos tirar de nossa obra o caráter litúrgico”.

Na sequência, ressalta a necessidade das preces “inteligíveis” chamando atenção para que, “... aquele que ora sem compreender o que diz, habitua-se a ligar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele as palavras é que são eficazes, ainda que o coração não participe”.

Acresce que no caso da prece, o mais perfeito modelo de concisão é a “Oração Dominical, verdadeira obra prima de sublimidade na simplicidade; sob a mais reduzida forma, ele resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo”.

Em determinado trecho da matéria encontramos: “ Uma vez por semana, por exemplo, no domingo, pode-se consagrar um tempo mais longo, e dizer todas, quer em particular, quer em comum, se houver lugar; a isto acrescentar a leitura de algumas passagens da “Imitação do Evangelho” e a de algumas boas instruções, ditadas pelos Espíritos”.

Não estaria aí o convite ao “Evangelho no Lar”?

Em dezembro, 1864, página 395 transcreve na revista, uma comunicação falando “... do novo livro que acaba de aparecer; uma luz brilhante que vem clarear nossa marcha”.... A assinatura é “O Espírito de Verdade”. Allan Kardec faz, a respeito, observação corajosa quando escreve: “Sabe-se que emprestamos tanto menos responsabilidade aos nomes quanto mais pertencem a seres mais elevados. Não garantimos mais essas assinaturas do que muitas outras: limitamo-nos a entregar tal comunicação à apreciação de cada Espirito esclarecido. Contudo diremos que não é possível desconhecer nela a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem, a ausência de superfluidade”. “.... Para nós, dizemos que pode ser do “Espírito de Verdade”…. “A vista desses nomes venerados (que continuamente aparecem), o primeiro sentimento do médium modesto, é o de dúvida”...

Desprende-se dessa observação, o cuidado, de mesmo pessoalmente aceitando que a comunicação é do Espírito de Verdade, exorta a que cada um se coloque frente a frente com a bagagem doutrinária e faça sua análise, tire conclusões.

Na R.E. de novembro de 1865, consta a coluna

NOTÍCIAS BIBLIOGRÁFICAS

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Por ALLAN KARDEC

3º edição

REVISTA, CORRIGIDA E MODIFICADA

NO PRELO, PARA APARECER EM POUCOS DIAS

Esta edição foi objeto de um remanejamento completo da obra. Além de algumas adições, as principais alterações consistem numa classificação mais metódica, mais clara e mais cômoda das matérias, o que torna sua leitura e as buscas mais fáceis”.

Leda Marques Bighetti